A secretaria de Saúde do Estado de Minas Gerais confirmou, na tarde de hoje, a primeira suspeita de um caso relativo ao coronavírus, responsável por ao menos 17 mortes na China. Segundo a pasta, uma paciente brasileira de 35 anos, que estava viajando ao país asiático e retornou para Belo Horizonte no último dia 18, apresentou sintomas “compatíveis com a doença respiratória viral aguda”.

“Tendo em vista o contexto epidemiológico atual do país onde a paciente esteve, foi considerada a hipótese de doença causada pelo novo Coronavírus, que é microorganismo de alerta sanitário internacional, considerando o potencial pandêmico com alto risco à vida e impacto assistencial”, diz o comunicado publicado pela secretaria.

Apesar de não apresentar síntomas graves, diz a secretaria, a paciente foi conduzida para o Hospital Eduardo de Menezes, na região do Barreiro. O Cievs-MG ( Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde do Estado de Minas Gerais), órgão que coordena situações de crise de saúde no Estado, principalmente relacionadas à disseminação de doenças, está acompanhando o caso.

“Conforme informações que foram repassadas pela paciente ao CIEVS BH, a mesma relatou que não esteve na região de Wunhan [cidade onde foi registrado o primeiro hospedeiro do vírus]e que também não teve contato com pessoa sintomática na China. Os exames capazes de confirmar ou descartar a hipótese diagnóstica encontram-se em andamento em laboratórios de referência.”, afirma a secretaria.

O que é o coronavírus?

O coronavírus pertence a uma família viral com alto poder de infectar humanos. Até a descoberta dessa nova cepa, a 2019-nCoV, os cientistas haviam detectado apenas seis delas. A Sars, por exemplo, foi causada por um coronavírus.

“A família do corona recebe esse nome porque tem um envelope com proteínas que parece uma coroa. É uma família porque existem várias espécies dentro dela que infecta humanos e animais”, explica a infectologista e professora na Escola Paulista de Medicina da Unifesp, Nancy Bellei.

O que o coronavírus faz?

Os sintomas variam: pode causar apenas um resfriado, provocar tosse, evoluir para febre forte e dificuldade para respirar. Em seu estado mais grave, leva à morte. A professora explica que, assim como a Sars (Síndrome Respiratória Aguda Grave que, entre 2002 e 2003, matou pelo menos 650 pessoas na China e em Hong Kong), o novo coronavírus parece mais letal em idosos e doentes.

“Muitos desses vírus novos não têm uma eficiência de transmissão entre humanos para se estabelecer como um vírus que vai ficar por aí, como o Influenza”, diz Nancy. “A Sars foi grave, mas é uma doença que acabou desaparecendo.”

Como se transmite o coronavírus?

“O coronavírus é semelhante ao vírus da gripe porque infecta animais, que transmitem o vírus ao ser humano”, explica a médica infectologista Joana D’arc Gonçalves da Silva. “Em seguida, a infecção é de pessoa para pessoa por meio da secreção, tosse, ar e objetos contaminados.”

Ela explica que essa nova cepa “pode ser mais agressiva” porque o vírus ainda está se adequando ao organismo humano. “Isso é muito complicado para o tratamento e para a criação de uma vacina.”

O que causa o coronavírus?

A nova cepa provavelmente chegou aos humanos por meio de algum animal selvagem, como aconteceu à Sars, transmitida pelo gato-de-algália.

As principais suspeitas recaem sobre morcegos, coelhos, cobras, galinhas e até mamíferos aquáticos. Esses animais são comercializados vivos em um mercado público de Wuhan, de onde as autoridades desconfiam que o vírus tenha saído.

Joana diz que encontrar o animal transmissor “é importante por questões epidemiológicas”. “Conhecer o animal é importante para fazer a vigilância ambiental na natureza, em zoológicos e onde as pessoas manipulam alimentos”, afirma.

Como se prevenir da infecção pelo coronavírus?

“Geralmente o contato entre pessoas é a forma mais frequente de transmissão”, diz Joana. “É comum a gente tocar a boca, o nariz e depois cumprimentar as pessoas.”

Por isso, algumas dicas são:

  • Não entrar em contato com quem sofre de infecções respiratórias
  • Evitar contato com animais selvagens ou doentes
  • Lavar as mãos frequentemente — você pode ter entrado em contato com doentes sem saber
  • Use álcool gel para limpar a superfície dos móveis e objetos

Como se cuidar em caso de infecção?

Joana recomenda o uso de máscaras cirúrgicas e sua troca a cada duas horas. “Quando tossir ou espirrar, use um papel e o descarte em seguida. As mãos não impedem a dispersão do vírus e o lenço de pano por ser reutilizável”, afirma Joana. Ela também pede que o paciente se recolha para evitar contágio e procure ajuda médica.

Segundo a professora da Unifesp, ainda não há um tratamento para a doença, “assim como o resfriado comum também não tem”. “Para os pacientes graves, se faz tratamento de suporte: hospitalização, oferta de oxigiênio e UTI (Unidade de Terapia Intensiva) com ventilação mecânica até que o organismo se livre do vírus. É como a gente faz com a dengue. O importante é procurar rapidamente o sistema de saúde.”

Fonte: https://dpontawebnews.com.br/2020/01/23/virus-que-causou-17-mortes-na-china-pode-ter-feito-seu-primeiro-contagio-no-brasil/