Pais de crianças chamadas Alexa pedem à Amazon que a empresa mude o nome de sua famosa assistente virtual para um “não humano”. Eles afirmam que suas filhas estão sofrendo bullying por terem a mesma designação que ativa o comando do dispositivo inteligente.

Famílias sobretudo da Europa e dos Estados Unidos relatam que as crianças lidam diariamente com piadas envolvendo seu nome. De acordo com os pais, colegas de seus filhos chamam por “Alexa” e emitem um comando repetidamente a exemplo do que acontece com a assistente virtual da Amazon.

Somente no Reino Unido, existem mais de 4 mil pessoas chamadas Alexa com menos de 25 anos. Alguns de seus pais contam que mesmo professores fazem brincadeiras com o nome, e isso tem afetado a saúde mental das crianças.

— Ela (minha filha) começou a não querer se apresentar por causa das piadas e da reação. Ela era e ainda é uma criança, mas os adultos achavam que não havia problema em fazer piada com ela. É devastador. A escola não ajudou e disse que ela precisava construir resiliência — disse uma mãe à rede britânica BBC.

Por conta disso, já há casos em que os pais resolveram alterar os nomes dos filhos, mas o trâmite varia de acordo com a legislação local. Desde que os dispositivos da Amazon foram introduzidos no Reino Unido em 2016, a popularidade do nome caiu drasticamente. Na época, era o 167º nome de bebê mais popular na Inglaterra e no País de Gales, mas em 2019 era o 920º.

‘Alexa é humana’

No Brasil, por exemplo, a lei de registros públicos impede a mudança de nome, para garantir a segurança jurídica. A alteração é admitida em casos excepcionais, como a substituição do prenome por apelidos públicos notórios, mudança em razão da colaboração em algum crime quando houver ameaça decorrente do auxílio à Justiça e também no primeiro ano após alcançar a maioridade civil. A norma ainda prevê que o juiz conceda a troca de registro “de forma excepcional e motivada” após audiência do Ministério Público.

Os constrangimentos começaram a ser relatados ainda no ano de lançamento do dispositivo da Amazon, em 2014. Nos EUA, a americana Lauren Johnson iniciou uma campanha chamada “Alexa is a Human” (Alexa é humana). Ela afirmou que algumas das piadas podem ter inclusive cunho sexual.

Em resposta aos episódios expostos, a Amazon disse que está “entristecida” com os relatos e afirmou que “acordes alternativos” estão disponíveis.

“Como alternativa a Alexa, também oferecemos várias outras palavras de alerta que os clientes podem escolher, incluindo Echo, Computer e Amazon. Valorizamos o feedback dos clientes e, como em tudo o que fazemos, continuaremos procurando maneiras para oferecer-lhes mais opções nesta área”, disse a empresa em comunicado, segundo a BBC.

Alexa não é a única assistente de voz a ter um nome também usado por pessoas reais. A Apple também possui um assistente cujo nome Siri é usado por humanos, embora em menor escala. Trata-se de uma abreviação de Sigrid, nome comum na Noruega, Suécia e nas Ilhas Faroe. No entanto, sua pronúncia em norueguês é mais próxima de “ver-ree”.

do O Globo