Foi-se o tempo, no Paraná, em que as necessidades básicas da população eram levadas a sério e o acesso a energia elétrica, por exemplo, tornou-se um artigo de luxo. Tudo porque, a partir de agora, de acordo com a nova fórmula de divisão de lucros da Copel, os acionistas serão cada vez mais exaltados e melhor remunerados, em cima de infinitos reajustes que serão aplicados nas tarifas do consumidor.

Sim, porque para eles, acionista feliz significa empresa mais valiosa para ser privatizada. Mas e onde ficam os investimentos? E as famílias paranaenses, como ficam? Falidas ou no escuro? Provavelmente, as duas coisas.

O futuro incerto da economia, a partir de uma gestão dada a terceirizações e falta de compromisso com o patrimônio público, nos levam a pensar que, daqui pra frente, viveremos a era do Estado mínimo. Onde o Governo deixa de assumir os compromissos com a população e passa a ser apenas uma figura alegórica eleita pelo povo. São as novas caras da velha política que sequer sabem administrar um Estado, peritos em propaganda e falsas manchetes positivas. Terceirizar algo que é público é jogar a responsabilidade no colo do outro, é se eximir de qualquer erro, é não ter que encarar as dificuldades do cargo com unhas e dentes, é falta de coragem, é falta de humanidade.

Recentemente, o presidente da Copel, Daniel Slaviero Pimentel, apresentou sua proposta em que o aumento do lucro líquido da companhia de energia paranaense representará uma diminuição significativa de seus investimentos no Estado, para poder dar uma vida melhor aos seus acionistas. De acordo com a apresentação, o Lucro Líquido nos dois últimos anos tem sido bilionário, enquanto os investimentos caíram pela metade. E aí eu te pergunto, está certo isso?

Está muito claro que a política da companhia é gerar apenas lucro, mesmo que tenha que abrir mão de ativos rentáveis, como a Copel Telecom. A prioridade é a remuneração de acionistas, a redução de custos com funcionários e limitação de investimentos. A Copel foca em garantir ao mercado a garantia dos reajustes tarifários de energia elétrica e alcançar um lucro ainda maior, para o bolso de terceiros que sequer tem o compromisso de reinvestir esse lucro no Estado do Paraná.

Não há transparência, não há previsibilidade, não há compliance. Apenas um preparativo para a venda da Copel definitivamente, deixando o Estado sem recursos para realizar os investimentos que precisa. É o neto do fundador da Copel, Sr. Paulo Pimentel, destruindo todo o prestígio dessa empresa tão grandiosa. É o legado do avô sendo jogado no ralo!

Sabe-se que a empresa vive um momento de pressão por parte do Governo do Paraná, que encaminhou uma carta à Copel, cujo teor é interpretado como uma ameaça direta à governança corporativa, com o mercado avaliando os riscos decorrentes de tal intervenção estatal. Estamos partindo para uma política de mercado muito mais para interesse de acionistas e investidores, de alto risco a meu ver, do que políticas públicas de interesse do consumidor e a sociedade.

A cada dia, toda ação de gestão, com o rótulo sustentado na transparência e lei do mercado, fica claro, a Copel ganha identidade no mercado, mas perde sua finalidade no que diz respeito ao atendimento do povo do Paraná.

Sinto dizer, mas estamos perdendo a Copel aos poucos. Quando uma empresa prioriza mercado ao invés do investimento em capital próprio, estamos matando aos poucos a galinha dos ovos de ouro.

(Por: Requião Filho).