Depois de avançar rapidamente nos grandes centros urbanos, o novo coronavírus chegou às pequenas cidades do País. No Paraná, as medidas preventivas estão sendo reforçadas também nestes locais.

Com 5.600 habitantes, a cidade de São Tomé, no Noroeste do Paraná, a cerca de 120 quilômetros de Maringá, é um dos pequenos municípios onde as iniciativas do Programa de Apoio Institucional para Ações de Prevenção, Cuidados e Combate ao Coronavírus estão fazendo a diferença.

Os profissionais da saúde, contratados pelo Governo do Estado como bolsistas, dentro do programa da Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, em parceria com a Fundação Araucária e a Secretaria da Saúde, saem pelas ruas abordando a população nos comércios e residências, muitas na zona rural, fazendo atendimento e ações educativas.

“Nas cidades do Interior algumas pessoas estão muito tranquilas, outras muito apavoradas. Estamos fazendo sim a diferença porque tiramos dúvidas, orientamos quanto ao uso de equipamentos de proteção individual e mostramos a importância do distanciamento social, principalmente com idosos, que é a classe mais difícil de compreender”, explica a enfermeira Wana Cíntia Fehlauer. “Muitos não têm o hábito da leitura e acabam acreditando em notícias falsas”, conta ela.

Após as orientações das bolsistas, a comerciante Luciane também quis fazer a sua parte para evitar o aumento de casos da Covid-19 em sua região. “Como a gente estava com muita dificuldade de encontrar o álcool em gel achamos importante instalar uma pia em frente ao nosso estabelecimento para as pessoas poderem fazer a higienização das mãos”, narrou ela.

UNIVERSIDADES – O programa conta com a participação das universidades estaduais de Londrina (UEL), Maringá (UEM), Ponta Grossa (UEPG), do Oeste do Paraná (Unioeste), do Centro-oeste (Unicentro), do Norte do Paraná (UENP) e Estadual do Paraná (Unespar) e da Universidade Federal do Paraná.

A pró-reitora de Extensão e Cultura da UEM, Débora de Mello Gonçales Sant’Ana, explica que o trabalho da universidade envolve três grandes regionais de saúde que somam mais de 50 municípios da região Noroeste. “Em alguns deles, nossa equipe de bolsistas é a única ação de enfrentamento específico à pandemia e um apoio essencial à saúde da população em um momento como este. Estamos muito felizes por ampliar as ações extensionistas e enfatizar a importância da universidade para toda esta macrorregião”, diz ela.

A coordenadora da Unidade Básica de Saúde de São Tomé, Laura Tarelho, ressalta a importância da atuação das bolsistas no município. “As bolsistas nos ajudaram a equipar e montar uma sala de isolamento para o paciente de Covid, com toda a medicação e equipamento necessários. Agora conseguimos fazer o atendimento completo deste paciente neste local. Nos ajudaram a organizar o fluxo, também todo o trabalho externo na unidade”, conta Laura.

“Elas trouxeram muitos benefícios para o nosso município, não ficaram só na unidade tiveram a iniciativa de ir orientar os comerciantes e a população nas ruas. Esta ajuda foi um reforço muito importante para o nosso trabalho.”

Um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) mostra que nas últimas semanas houve um aumento no Brasil, em torno de 50% de novos casos, nos municípios que têm até 20 mil habitantes.

BEM RECEBIDOS – Apoio importante para as Unidades de Saúde destes locais, os bolsistas contratados no Paraná organizaram até uma sala para atendimento de pacientes com suspeita de Covid-19.

“Somos bem recebidos em todos os lugares, as pessoas ficam agradecidas por estarem sendo ajudadas. Estamos atendendo todas as síndromes gripais, não só com relação ao novo coronavírus. Também participamos da reorganização do atendimento nestes municípios”, conta a técnica em enfermagem Micheli Furtado de Brito.

A coordenadora adjunta do projeto nas Regionais de Cianorte e Umuarama, professora da UEM, Juliana Scanavacca, comemora os resultados do programa. “Não pensei que fôssemos atingir tantas pessoas como estamos conseguindo. Indo aos municípios pequenos para orientar tanto os profissionais que estão na ponta do atendimento a pacientes de Covid, como à população em geral”, diz ela.

“O bolsista faz uma ação extensionista com o atendimento ao paciente, orienta também toda a parte administrativa, o plano de contingência, avalia todas as ações que estão sendo executadas no local e orienta os profissionais de saúde”, explica.

Juliana narra que eles também vão às ruas junto com a equipe da Vigilância Sanitária orientar a população. “É bastante positiva esta ramificação que o programa está fazendo também nos pequenos municípios do Paraná”, reforça a coordenadora.

GRANDE ALCANCE – O superintendente de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior,  Aldo Bona, ressalta o grande alcance desta ação extensionista das universidades por meio do programa. “Esta é uma grande preocupação porque se nos pequenos municípios o vírus demora mais a chegar também é preciso reconhecer que a estrutura na área de saúde é mais precária para o atendimento a um paciente com Covid que precise de um leito de UTI”, explica.

“A ação preventiva nestes locais é fundamental para evitar que as pessoas fiquem sem ter o atendimento necessário ou tenham que ser deslocadas para os grandes centros sobrecarregando o sistema de saúde”, afirma Bona

DE BARCO, NOS SÍTIOS – No município de São João do Ivaí, com 10.241 habitantes, em locais de difícil acesso, moradores atravessam o Rio Ivaí de barco para receberem atendimento. Ou o profissional de saúde, como faz a enfermeira Carla Cristiana dos Santos Campos, atravessa de tirolesa para chegar ao cidadão.

“É uma experiência única. Vamos até os sítios onde somos muito bem acolhidos. Além do enfrentamento ao novo coronavírus também fazemos outros atendimentos como curativos. Eu nunca havia feito um trabalho como este, de ajuda a tantas famílias carentes e vê-las tão agradecidas, não há nada que pague. Me sinto realizada”, afirma.

PROGRAMA – O Programa de Apoio Institucional para Ações de Prevenção, Cuidados e Combate ao Coronavírus já contratou mais de 750 bolsistas para atuar em diversas frentes. Realizam atendimento nas Regionais de Saúde do Estado, também o serviço de telemedicina, orientações nas divisas do Paraná, Call Center, Laboratório Central do Estado e Departamento Penitenciário do Estado.

“Os resultados deste programa têm superado nossas expectativas, principalmente, diante da importância que as ações preventivas têm frente a uma pandemia como a que estamos vivendo. Temos priorizado os projetos voltados ao combate ao novo coronavírus em nossos editais e os resultados não poderiam ser melhores”, destaca o presidente da Fundação Araucária Ramiro Wahrhaftig.

Imagens/Informações: AEN.