O secretário-executivo do Ministério da Saúde, general Eduardo Pazuello, é apontado como favorito do presidente Jair Bolsonaro para substituir o oncologista Nelson Teich à frente da pasta. Pazuello assumiu o ministério interinamente nesta sexta-feira, 15,  após Teich pedir para ser exonerado sem nem ter completado um mês no cargo. Sua efetivação no posto representaria a militarização completa da pasta em meio ao combate ao novo coronavírus.

Pazuello se tornou secretário-executivo a pedido do próprio Bolsonaro, de quem é amigo. Então comandante da 12ª Região Militar da Amazônia e conhecido nacionalmente por ter coordenado a Operação Acolhida, que cuidava da entrada de refugiados venezuelanos em Roraima, o general recebeu uma ligação do presidente no domingo de Páscoa, no dia 4 de abril. “Estou cogitando te trazer para cá”, disse Bolsonaro. Um dia depois da demissão de Luiz Henrique Mandetta do Ministério da Saúde, o telefone do general tocou novamente. “É para vir”, afirmou o presidente.O militar foi uma imposição de Bolsonaro à equipe que Teich tentava montar. Teoricamente, Pazuello deveria comandar as operações de logística do ministério. Mas, na prática, o general era responsável por concentrar todas as decisões práticas do ministério. Era comum Teich chamá-lo durante teleconferências para discutir questões técnicas, como a falta de respiradores em determinados regiões do país. Pazuello é descrito por servidores do ministério como um general “casca grossa”. A postura centralizadora irritou João Gabbardo, o antecessor do general na secretaria-executiva. Um dos braços-direitos de Mandetta na pasta, Gabbardo antecipou sua exoneração por não concordar com os métodos de trabalho de Pazuello. Esperava-se que Gabbardo ficasse por mais tempo no cargo para auxiliar na adaptação de Teich ao cargo de ministro.

Secretários estaduais de Saúde já vinham afirmando que Teich havia sido tutelado por Pazuello. O ministro teve de nomear sete militares para ocupar posições estratégicas na secretaria-executiva. Estavam previstos para os próximos dias os anúncios de outros 37 militares para cargos técnicos do ministério.

Assim como todo militar que assume um cargo no governo, Pazuello entende que aceitou uma “missão” ao entrar para o serviço público. Há uma teoria entre os fardados de que o Ministério da Saúde é um antro de corrupção e que caberia aos militares limpá-lo. Pazuello reportava as suas ações diretamente a Bolsonaro, e não ao seu ex-chefe Nelson Teich.

Nos últimos dias, Teich disse a auxiliares que estava arrependido de ter aceitado a intervenção militar proposta por Bolsonaro na sua gestão. “Teich veio para ser o cérebro. O problema é que não avisaram o corpo [Pazuello]”, disse um auxiliar do ex-ministro para ilustrar a incômoda situação. Pouco tempo depois do anúncio do pedido de exoneração, Teich se despediu dos servidores na sua sala no quinto andar . Dentro do Ministério da Saúde, os profissionais da pasta apostam todas suas fichas no nome de Pazuello como o sucessor de Teich.