A Polícia Federal apura pagamentos efetuados a um tenente-coronel do exército, que atua em Ponta Grossa, suspeito de vazar informações sobre operações a um grupo de garimpeiros da região do Japurá, no Norte do Amazonas, próximo à divisa com a Colômbia. As informações são do O GLOBO.

Segundo um relatório da PF, ao qual O GLOBO teve acesso, Abimael Alves Pinto recebeu R$ 930 mil entre 2020 e 2022, por meio de uma conta em seu nome, no da mulher e de uma empresa da família. O militar era lotado no subcomando do Batalhão de Selva e cuidava do controle operacional de ações na fronteira.

O militar serviu em Manaus de janeiro de 2020 a julho de 2021 e chegou a ocupar o cargo de subcomandante do batalhão de selva do exército. Porém, o oficial foi transferido para Ponta Grossa, no Paraná, e continuou a vender informações.

Os pagamentos foram aprovados por uma empresa de importação e exportação de minérios sediada em Porto Velho, de acordo com o relatório. O dono da companhia foi preso preventivamente pela PF nesta terça-feira. Já o tenente-coronel foi alvo de um mandado de busca e apreensão. Na sua residência, em Ponta Grossa (PR), os agentes apreenderam relógios e joias. O Exército informou que ele é alvo de um Inquérito Policial Militar (IPM) e que o Comando da 5ª Brigada de Cavalaria Blindada cumpriu uma ação contra ele em parceria com a Polícia Federal.

Em nota, a defesa do tenente-coronel afirmou que ele “não praticou qualquer ilícito e jamais recebeu valores de criminosos para dar informações privilegiadas que puderam interferir nas operações”. O advogado Fernando Madureira, que o defendeu, explicou que o militar “teve seu nome citado por criminosos em represália ao trabalho desenvolvido nos Estados de Rondônia e no Amazonas” e que “sempre combateu o garimpo ilegal”. Abimael deve prestar esclarecimentos à PF nos próximos dias.

No início de 2020, a PF rastreou mensagens em que um primo do militar identificado como Márcio oferece os “serviços” de Abimael pelo preço de R$ 20 mil por mês.

A PF afirma que, a partir daí, o tenente-coronel passou a dar “informações privilegiadas” de operações ambientais e “interferiu” para “atrasar o deslocamento da equipe de fiscalização, alterar a rota dos locais que seriam fiscalizados e até mesmo cancelar fiscalizações em locais específicos, a fim de, em tese, favorecer a atividade criminosa”.

Foto: Polícia Federal