Esta época do ano é marcada pela chegada de pinguins-de-magalhães no litoral brasileiro. Só em setembro de 2022, foram registrados 834 encalhes da espécie nas praias do Paraná. Os animais foram atendidos pela equipe do Laboratório de Ecologia e Conservação (LEC) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), responsável pelo trecho paranaense do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), desenvolvido para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental das atividades da Petróleo Brasileiro S.A (Petrobras). Foi o maior número de pinguins resgatados neste ano pela equipe na região.

Entre maio e início de novembro, é comum a presença de pinguins na costa brasileira do sul e sudeste. Isso ocorre porque eles deixam suas áreas reprodutivas no sul da Patagônia (Argentina e Chile) e migram para as águas brasileiras em busca de alimento. O trajeto de quase 4.000 km, muitas vezes, deixa os animais cansados e debilitados, fator que favorece o encalhe, principalmente dos animais mais jovens, que são inexperientes e têm menor quantidade de reservas energéticas.

“Os encalhes são mais frequentes quando os animais encontram situações ruins oceanográficas e climáticas, como as frentes frias, que afetam a condição de saúde dos animais já debilitados e trazem suas carcaças para as praias”, explica a bióloga e coordenadora do PMP-BS na UFPR, Camila Domit.

Desde o início do ano, foram registrados 1.368 encalhes de pinguins na costa paranaense. Cerca de 3% deles foram resgatados vivos – a maioria apresentava quadro de desnutrição e debilitação. Os veterinários e tratadores da equipe do LEC, por meio do PMP-BS, fazem o atendimento dos animais para que recuperem a saúde e voltem à natureza. No caso dos pinguins, em geral, são formados grupos de oito a dez aves para soltura.

O trabalho da equipe do PMP-BS tem como desafio registrar os animais encalhados e conhecer os impactos gerados à biodiversidade marinha. E, também, contribuir com a recuperação da saúde da fauna marinha resgatada. Coletivamente, as ações executadas pelo LEC tem o objetivo de colaborar com a ciência para conhecimento da qualidade ambiental e da saúde do oceano, e de promover a conservação das espécies marinhas que habitam o oceano Atlântico Sul.

O monitoramento, a proteção e a recuperação da biodiversidade dos ecossistemas marinhos e costeiros e da sua saúde é parte de um dos dez desafios da Década das Nações Unidas de Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável, declarada pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o período de 2021 a 2030. Serão dez anos dedicados a estimular o conhecimento sobre o mar, em busca de um oceano limpo, saudável, previsível, seguro, produtivo e conhecido. A UFPR, por meio do LEC e de seus projetos, é uma das instituições participantes das ações globais em busca de desenvolver “A  ciência que necessitamos para o oceano que queremos”.

Sobre o PMP-BS

O PMP-BS é uma atividade desenvolvida para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural na Bacia de Santos, conduzido pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Esse projeto tem como objetivo avaliar os possíveis impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo sobre as aves, tartarugas e mamíferos marinhos, por meio do monitoramento das praias e do atendimento veterinário aos animais vivos e da necropsia dos animais encontrados mortos.

O PMP-BS é realizado desde Laguna, em Santa Catarina (SC), até Saquarema, no Rio de Janeiro (RJ), sendo dividido em 15 trechos. O LEC/UFPR monitora o Trecho 6 (Paraná), compreendido entre os municípios de Guaratuba e Guaraqueçaba.

Ao encontrar animais marinhos debilitados ou mortos nas praias de Pontal do Paraná e de todo o litoral paranaense, é possível acionar a equipe do LEC do Centro de Estudos do Mar (CEM) da UFPR pelo número 0800 642 33 41 ou pelo WhatsApp (41) 9 92138746.

Com informações da Assessoria de Comunicação do LEC/UFPR