Após anunciar a não prorrogação do decreto, o governo do Paraná admitiu que se surpreendeu pela baixa adesão da população ao isolamento social. A avaliação da administração estadual é que a quarentena por 14 dias desacelerou a proliferação da covid-19, mas não atingiu a meta do isolamento social. Além disso, o governo não descarta voltar a restringir as atividades.

“Talvez o que mais tenha nos atrapalhado foi a baixa adesão para o isolamento domiciliar. Nosso melhor número chegou a 40% e precisávamos chegar a 50% de isolamento. O decreto teve valor, porém a adesão das pessoas não foi total. Não aconteceu”, avaliou o secretário de Saúde, Beto Preto, em entrevista à RPC nesta quarta-feira (15).

“Os cuidados devem continuar. Se os números apresentarem alguma piora, fatalmente vamos ter que trabalhar em alguma restrição novamente. Passamos por esse dilema diário de tomar decisões, rever, avança, retrair. Às vezes é importante dar um passo atrás para dar dois ou três para frente”, completou ele, que ainda alertou que o pico da covid-19 deve ser registrado nas próximas semanas.

O índice de isolamento social calculado pela empresa InLoco – usado pelo governo como referência no anúncio da quarentena – revela uma pequena variação nos dados durante a quarentena e no período anterior.

Na semana anterior à quarentena, em dias de semana (22 a 26 de junho), o índice de isolamento variou entre 36% e 37%. Durante a quarentena, em dias de semana (1º a 3, 6 a 10 e 13 de julho), o índice variou entre 37% e 39%.

Ou seja, apesar do leve aumento, a taxa foi abaixo do considerado como “ideal” pelo governo.

PARANÁ REGISTRA MAIOR AUMENTO DE MORTES DO PAÍS, DIZ CONSÓRCIO

A escolha do governo do Paraná em não estender a quarentena foi tomada no dia que o Paraná bateu recorde de mortes registradas em 24 horas e chegou a 44.870 casos. Além disso, conforme o balanço feito pelo consórcio de veículos de comunicação do país aponta que o Estado passou a ter a maior alta na média móvel de óbitos.

Beto Preto falou que as vítimas abalam a equipe da Sesa (Secretaria de Estado da Saúde) diariamente, mas que o decreto foi uma decisão acertada da gestão.

“Nós fizemos no tempo correto, com bastante respeito por toda atividade econômica no Estado e principalmente pelos cidadãos paranaenses. Tomamos as decisões da quarentena, a orientação foi feita, a tentativa de convencimento foi feita e vai continuar sendo feita. Nós precisamos controlar”, finalizou.

GOVERNO DO PARANÁ DISTRIBUI CLOROQUINA MESMO SEM TER EFICÁCIA COMPROVADA

O secretário Beto Preto ainda admitiu que, mesmo sem provas da eficácia comprovada, a cloroquina está sendo distribuída para todas as regiões do Estado e pode ser usada caso os médicos queiram.

“Enquanto não tiver vacina, um remédio efetivo, temos aí diversas iniciativas que eu até respeito, não tenho problema nenhum. Estamos distribuindo cloroquina nas regionais de Saúde. O médico que tiver a condição de prescrever, o medicamento vai estar à disposição. Mas eu insisto: ainda não tem um tamiflu como teve no h1n1”, afirmou.

Nesta quarta-feira (15), uma reportagem do El País mostra que um vendedor viu a morte do pai mesmo após o uso da cloroquina. Segundo o relato do homem, foi necessário um termo autorizando o uso da substância, que piorou o quadro renal de uma das mais de mil vítimas da covid-19 no Paraná.

FUTEBOL PODE VOLTAR NESTA SEMANA, MAS AULAS APENAS EM SETEMBRO

Ainda não foi oficializado, mas a Sesa já liberou a realização de jogos de futebol no Paraná. A expectativa e o trabalho da FPF (Federação Paranaense de Futebol) é que as quartas de final sejam disputadas já neste próximo final de semana.

Uma reunião entre secretaria e Federação nesta quinta-feira (15) vai selar a realização dos jogos e solucionar problemas. A ideia é que sejam realizadas seis datas. Contudo, duas questões ainda não estão resolvidas: Paranaguá, cidade do Rio Branco, ainda está sob o decreto e não pode sediar jogo. Curitiba, sob a bandeira laranja, também não é uma certeza.

Uma solução para isso é concentrar os jogos em uma cidade ou região do Estado. Londrina, Rio Branco e Cianorte foram os três times que voltaram aos treinos presenciais recentemente e podem ser mais prejudicados tecnicamente.

Contudo, a previsão da retomada das aulas segue sendo em setembro. Na semana passada, o próprio governador Ratinho Junior desmentiu a informação falsa que circulou pelas redes sociais afirmando que o retorno das atividades presenciais nas escolas foi previsto para agosto.

Informações/Foto: Bem Paraná