A professora Moira Pedroso Leão (foto) é natural de Ponta Grossa, mas passou a infância e a adolescência em Imbituva, na região dos Campos Gerais. Cirurgiã-dentista formada pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e mestre e doutora em Implantodontia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), ela é diretora administrativa da Curityba Biotech, empresa de pesquisa, desenvolvimento e centro de processamento celular.

Atualmente, Moira tem um grande desafio em mãos. Ela faz parte da equipe que pesquisa o uso células-tronco para auxiliar no tratamento de casos graves da Covid-19. Moira trabalha com células-tronco mesenquimais, coletadas de dentes saudáveis de doadores jovens. Uma vez isoladas, as células são multiplicadas no Centro de Processamento Celular (CPC), da Curityba Biotech, e são infundidas em pacientes acometidos de síndrome respiratória aguda grave e que estejam internados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Reequilíbrio

A Covid-19 é uma patologia que tem como principal característica provocar, em algumas pessoas infectadas pelo vírus SARS-CoV2, uma intensa resposta do sistema imunológico, que pode levar ao aparecimento da síndrome respiratória aguda grave. Em conversa com o D’Ponta News, Moira explica que as células-tronco são capazes de reequilibrar os processos de resposta do organismo.

“As células-tronco mesenquimais são células imaturas que, por ainda não estarem especializadas, são capazes de se multiplicar inúmeras vezes e também secretam muitas substâncias ativas. Algumas das substâncias que as células-tronco mesenquimais produzem têm capacidade imunomoduladora, ou seja, são capazes de reequilibrar essa resposta exagerada do organismo, orquestrando os processos de reparo”, detalha. O projeto tem orçamento estimado em R$ 2 milhões e, após finalizado, prevê a participação de 30 pacientes acometidos da forma grave da doença.

Técnica promissora

A pesquisa já passou pela aprovação do Comitê de Ética e segue agora para a anuência da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em relação às boas práticas de fabricação das células. “Estamos, neste momento, iniciando esse processo. Vários grupos de pesquisa ao redor no mundo estão conduzindo ensaios clínicos semelhantes, e os primeiros resultados parciais já começaram a ser publicados, mostrando ser essa técnica muito promissora e com resultados animadores”, observa.

Parceiros

Questionada sobre os principais desafios da pesquisa, Moira lamenta que as pesquisas científicas, no Brasil, ainda enfrentem muitas dificuldades em relação a recursos. Ela aponta também que o projeto está em busca de novos parceiros. “Neste projeto, contamos com a parceria do Hemobanco e de profissionais do Hospital de Clínicas, de Curitiba, mas buscamos mais parceiros e investidores. A busca por recursos para a pesquisa no Brasil ainda é o maior desafio. Apesar de, este ano, o arcabouço legal da utilização de células-tronco estar completo, ainda há um desconhecimento das pessoas de que essa tecnologia está próxima de se tornar uma realidade na medicina e odontologia do século XXI”, complementa.

Por Matheus Fanchin | Foto: Arquivo pessoal