“O Paraná tem todas as condições históricas de iniciar um movimento do povo brasileiro”. A afirmação foi feita pelo geólogo ex-diretor de exploração e produção da Petrobras, de 2003 a 2012, Guilherme Estrella, durante a audiência pública “O Pré-Sal e a Petrobras no Paraná”, na manhã desta terça-feira (17).

O evento promovido pela bancada de Oposição da Assembleia Legislativa do Paraná reuniu lideranças sindicais e autoridades que discutiram ações para mobilizar a população contra a privatização da empresa, intenção aventada pelo presidente Jair Bolsonaro nesta semana.

Presidida pelo deputado Arilson Chiorato (PT), a audiência pública expôs o que foi classificado pelos participantes como equívocos na atual política de desenvolvimento energético. “A Petrobras foi desmontada. Temos a possibilidade de retomar nossa importância com exploração de nossas riquezas com distribuição de renda”, afirmou Guilherme Estrella.

De acordo com ele, “o Paraná tem o exemplo da Copel, um movimento do povo paranaense com mais de 100 entidades mobilizadas para evitar a privatização da empresa”. Para o deputado Arilson Chiorato, a venda de unidades da Petrobras no estado foi danosa ao desenvolvimento econômico e social do estado.

“Tínhamos a fábrica de fertilizantes e a refinaria de Araucária, mas elas foram fechadas para que os estrangeiros tivessem menos concorrência. A economia paranaense entrou em queda e esta importância precisa ser retomada. Temos uma defesa nacionalista da Petrobras, do Pré-sal e do povo”, afirmou.

O raciocínio foi acompanhado pela deputada Luciana Rafagnin (PT). Ela questionou os motivos de se propor a privatização da Petrobras. “É a empresa que mais recolhe impostos à União, que mais investe em saúde e educação. Precisamos conscientizar o povo sobre a importância dela para o povo brasileiro”, disse.

Segundo o deputado Professor Lemos (PT), “75% dos lucros do Pré-sal seriam destinados à educação e saúde, áreas essenciais. Ao privatizar a empresa, estes recursos serão perdidos”, lamentou. “É preciso defender a Petrobras e que ela refine mais petróleo no Brasil com preços justos e não os exorbitantes de hoje”, destacou.

Já o deputado Requião Filho (PT) falou de decisões que seriam contrárias ao interesse nacional. “O preço do combustível é fundamental para um país que tem o modal rodoviário como o principal para seu desenvolvimento. A Petrobras é fundamental para o controle econômico do país”, frisou.

O deputado Tadeu Veneri (PT) falou do processo pelo qual a Petrobras estaria atravessando. “A desconstrução é danosa à população na privatização da empresa. Este processo todo se iniciou com a operação Lava-Jato, vender as reservas petrolíferas do Pré-sal a grupos internacionais”, criticou o parlamentar.

Segundo o ex-governador Roberto Requião, “é preciso uma mobilização como fez Getúlio Vargas, com a campanha O Petróleo é Nosso. A saída é uma medida provisória do governo que elimine a oposição infraconstitucional de a Petrobras ser uma empresa pública. Outra pode estabelecer a administração de preços à nova administração da empresa”, listou, reforçando que é necessária pressão popular pelas medidas.

Sindicatos – Representantes sindicais dos trabalhadores da Petrobras expuseram as dificuldades que as diversas categorias de empregados da empresa enfrentam.  Para Alexandro Guilherme Jorge, presidente do Sindicato dos Petroleiros do Paraná e Santa Catarina (Sindipetro PR/SC), baixar os preços dos combustíveis só dependem de decisão política.

“A paridade de importação é um crime contra o povo brasileiro. É politica de estado e não adianta trocar presidente da Petrobras. Já se passaram três presidentes que a nós, trabalhadores, não disseram a que vieram. Não sabemos o que será o dia de amanhã em nossas unidades”, explicou.

Para Márcio Kieller, presidente CUT Paraná, a Petrobras, está sendo administrada sob a ótica do mercado. “Precisamos de transformação e ela virá do conhecimento da sociedade sobre esta importância. A empresa não é responsável pela alta do preço da gasolina, isto é responsabilidade do governo federal”, afirmou.

Já para Ricardo Esteves Marrafão, diretor-secretário do Sindicato dos Engenheiros no Estado do Paraná (SENGE-PR), é preciso defender o desenvolvimento de tecnologia. “Foram geólogos e engenheiros que desenvolveram o que foi gerado na Petrobras. A Defesa vai além da negociação sindical, é a defesa de nossa inteligência”, frisou.

Para Santiago Santos, diretor do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Petroquímica do Estado do Paraná (SINDIQUÍMICA-PR), “a Petrobras já está privatizada, não a toa ela foca em ativos mais lucrativos e mantém preços nas alturas. Precisamos lutar para retomar a Petrobras ao povo brasileiro. Poderíamos ter um polo petroquímico muito mais pujante em nosso estado”, falou.

ALEP     Créditos:Dálie Felberg/Alep