Quase metade das crianças e adolescentes brasileiros mortos por Covid-19 em 2020 tinham até 2 anos de idade; um terço dos óbitos até 18 anos ocorreram entre os menores de 1 ano e 9% entre bebês com menos de 28 dias de vida. As informações são de um estudo inédito da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que analisa dados do  Sistema de Informação sobre Mortalidade Infantil (SIM), do Ministério da Saúde (MS), considerado o padrão ouro para esse tipo de investigação. O estudo é financiado pelo Programa Fiocruz de Fomento à Inovação (Inova Fiocruz).

 

“Estratificamos os dados obtidos no SIM para mensurar o impacto da Covid-19 entre menores de 18 anos. No ano passado, foram registrados 1.207 óbitos nessa faixa etária, sendo 110 entre recém-nascidos com menos de 28 dias de vida. Esperamos que essas conclusões orientem políticas públicas para o enfrentamento da pandemia”, explica o coordenador da pesquisa, Cristiano Boccolini, do Laboratório de Informação em Saúde do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz).

 

 

Cuidados necessários

Cristiano explica que a forma assintomática da Covid-19 é mais comum entre crianças e adolescentes, que têm melhor prognóstico quando contaminados, mas não estão imunes. Transmitem, podem adoecer gravemente e até morrer em decorrência da doença. “Em alguns países, como nos Estados Unidos, o avanço da variante Delta aumentou o número de casos novos de Covid-19 e esse aumento expõe cada vez mais crianças ao vírus. Em muitos lugares os leitos infantis estão sobrecarregados e isso pode acontecer no Brasil também. O aumento da cobertura vacinal de adultos tem que avançar mais rapidamente e  gestantes e lactantes devem ser prioridade. Contudo, para conter a circulação do vírus e proteger nossas crianças, o uso de máscaras e o distanciamento social devem continuar mesmo após a vacinação”, alerta o pesquisador.

“Outra recomendação importante é que mães com Covid-19 continuem amamentando seus bebês, se ambos tiverem condições físicas para isso. Os benefícios do aleitamento materno superam em muito o risco de contaminação. Cuidados sanitários, como higiene das mãos e uso de máscaras tipo PFF2 e N-95, devem ser reforçados nesses casos”, completa Cristiano. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o uso universal de máscaras a partir dos 12 anos de idade. Entre crianças menores o uso deve ser supervisionado e avaliado caso a caso. Crianças com menos de 5 anos não devem ser obrigadas a usar máscaras.

da Fiocruz