Nas propagandas de televisão tudo sempre aparece com aquela cara de “hoje é um novo dia, de um novo tempo que começou…” Todos fazem aquela cara de alegria, mesa farta, família reunida, pessoas cheias de esperança. Mas na realidade, no Paraná, se essa cena fosse gravada, teria que ser bem maquiada, porque nem de longe está feliz assim.

Vivemos um ano difícil, de grandes desafios com a vacinação e vários embates para manter a população viva, diante de uma pandemia que custa a ser erradicada do planeta. Tivemos um presidente que tratou como uma gripezinha e não fez questão nenhuma de acelerar a vacinação nos Estados, ou sequer dizer para a população da importância da imunização em massa. E diante da incredulidade dos governadores do Brasil inteiro, tivemos o nosso chefe do executivo se negando a assinar uma carta contra a política sanitária negacionista bolsonarista. E como se não bastasse isso, ainda no meio da pandemia, tivemos várias ameaças de extinção de cargos na área da saúde.

Em outras áreas, vimos o congelamento do salário dos servidores e a inflação do Paraná aumentando drasticamente. Contas de luz e água se tornando impagáveis para a maioria da população, enquanto os acionistas – que sequer sabem onde fica o Paraná – deitando e rolando em lucros milionários. Investimentos? Quase nada. Retorno social? Menos ainda. Vendeu a Copel Telecom para um grupo privado e agora estaremos para sempre à mercê de empresas terceirizadas para atender a demanda da internet (que antes era pública) nos órgãos ligados ao governo em todo Estado. De escolas, delegacias a hospitais. Um retrocesso sem tamanho!

O pedágio foi outra novela que acabou, mas deixou suas marcas. Um contrato que chegou ao fim, depois de 25 anos, mas que “pegou o governo de calças curtas”, porque não estava preparado para esse encerramento. Teve atos improvisados e sequer um planejamento para a cobrança de uma dívida de quase R$ 10 bilhões em obras que não foram concluídas. E como brinde, uma amarração para o próximo ano com o Governo Federal para pedagiar todas as rodovias novamente e mais 15 novas praças, por mais 30 anos, para pagarmos de novo para fazerem obras que já deveriam ter sido feitas nas últimas décadas.

Na Educação foi um vexame. Precarizou tudo, faltando condições salariais e estruturais para os professores. Implementou colégios militares sem a devida discussão com a sociedade. E agora fala-se pelos corredores sobre uma possível privatização do sistema de ensino público no futuro.

O Governador não incentivou os pequenos e médios empresários paranaenses e ainda esfregou na cara deles que, em 2022, vai conceder uma desoneração fiscal para seus amigos grandões – sem revelar nomes – em mais de R$ 17 bilhões. Dinheiro que deixa de entrar nos cofres do Estado para pagar o funcionalismo e investir no que realmente precisamos. Aliás, nos últimos anos, gastou tudo o que podia com uma consultoria particular para enxugar a máquina estatal, reduziu a quantidade de secretarias para inglês ver, não comprovou a real redução dos gastos e continua anunciando aumento de cargos, aqui e ali, para apadrinhar e atender aos caprichos dos apoiadores de campanha do próximo ano.

No meio ambiente, ao tentar tirar a exclusividade do IAP na realização dos licenciamentos, foi alvo de recomendação do Ministério Público do Paraná, além de tirar do Conselho do Litoral a avaliação de licenciamentos ambientais para empreendimentos na região. Está terceirizando cada vez mais a fiscalização que seria seu dever como gestor público maior do Estado em cumprir.

Para o próximo ano, só resta a esperança de termos um povo com memória e consciência pra não se deixar levar pelas belas propagandas que serão apresentadas. Aquelas que emocionam, que mostram o agricultor feliz no campo – mas que na verdade, no fundo, estão chorando pelo fim dos programas sociais implantados nos tempos do Requião. Foi-se o tempo que o Paraná brindava com o Leite das Crianças, o Panela Cheia, o Trator Solidário, a Irrigação Noturna, o Fundo de Aval e tantos outros programas que geravam emprego e renda para a população. Investia-se no pequeno agricultor, aquele que coloca comida na mesa dos paranaenses, e incentivava-se o grande industrial, produtor de grãos e outros, tal qual seu valor na geração de renda e emprego.

O Paraná tem pressa para voltar a ser o melhor Estado para se investir no país. O Paraná tem pressa para ter de volta o Estado em suas mãos.

Mas estamos a caminho, rumo a 2022, um ano que será marcado pela mudança, pela força do voto. E até lá, aguentaremos firmes, porém confiantes e de mãos dadas, aguardando o momento certo para retornar ao Palácio Iguaçu.

Artigo publicado originalmente em Blog do Esmael.

Por: Requião Filho.