No último domingo (13), o grupo anti-fake news, Sleeping Giants Brasil, saiu do anonimato e revelou que quem está na liderança do movimento é um casal de estudantes de Direito, da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Clique aqui e relembre o caso.

Em carta de apoio ao grupo, a UEPG comemora a iniciativa de Leonardo de Carvalho Leal e Mayara Stelle. Confira:

“Acordando as gigantes!

Recentemente, viemos a saber, com indisfarçável satisfação, que dois alunos do curso de Direito da UEPG operavam as páginas do Sleeping Giants Brasil. Em entrevista, eles afirmaram não se reconhecerem como ativistas políticos, e nem deveriam, mas como ativistas da ética econômica.

O Sleeping Giants Brasil é um perfil de redes sociais que assumiu a tarefa republicana de mapear e notificar empresas que anunciam online sempre que seus recursos monetários forem direcionados ao financiamento de fake news (notícias falsas) ou discursos de ódio e intolerância (relacionados a raça, religião, orientação sexual, gênero, opinião política etc.).

O perfil atua nos confins da ética da economia de mercado e, como tal, é o piloto de testes dos valores supostamente civilizatórios, humanistas, republicanos e universalistas do dinheiro, das finanças e do capital. O Sleeping Giants Brasil testa a ética do capitalismo mundial e algorítmico ao mapear o caminho invisível que o dinheiro, virtual e abstrato, percorre desde as contas das empresas anunciantes, passando pelas plataformas, chegando aos sites e aos bolsos daqueles que propagam o ódio e a mentira.

Sua atuação, inteiramente constitucional e legal, vale-se da transformação do mercado de marketing, da aceleração de sua migração para o meio social online, e de sua mediação por grandes plataformas. Estas se rentabilizam ao vincular empresas anunciantes a sites de anunciadores por meio de propaganda online patrocinada, dirigida por algoritmos e Big Data. O que o Sleeping Giants Brasil faz não é mais que uma pergunta contratual: questionam as empresas financiadoras se elas, realmente, desejam patrocinar, com seu dinheiro e com a respeitabilidade de suas marcas, conteúdos inverídicos e intolerantes.

Sua ação ética está amparada pelo direito de petição, pela liberdade de ação, pela liberdade de pesquisa intelectual e pela liberdade de iniciativa, todas elas asseguradas pela Constituição de 1988 na condição de direitos fundamentais e de cláusulas pétreas irrevogáveis. Ao perguntar às empresas se “é isto mesmo?” que elas desejam financiar, o Sleeping Giants Brasil não está exercendo qualquer liberdade de opinião, mas, o direito cívico e constitucional de perguntar – direito de todos e de cada um.

Contra o que dizem aqueles que os perseguem, anestesiados pelos discursos de ódio “anti-ideológicos”, a escolha do anonimato para as ações do Sleeping Giants Brasil não as desabona. Ao revés, seria o caso de questionar sobre que qualidade democrática ostentam nossas instituições para que um casal de jovens, que não fez absolutamente nada, exceto perguntas, precise do anonimato para protegerem a si mesmos e às suas famílias de agressões, de ameaças, de invasão de sua privacidade e intimidade, da divulgação ilegal de seus dados etc.

Em nome da democracia acima de tudo, e da liberdade de questionar acima de todos, nós – professores do curso de Direito da UEPG –, firmamos abaixo esta nota de apoio aos nossos alunos, Mayara e Leonardo.”

Assinam o presente:

Setor de Ciências Jurídicas da Universidade Estadual de Ponta Grossa
Colegiado Setorial
Colegiado do Curso de Direito

Da assessoria.