Depois do Sul, a maior concentração de tornados é da região Sudeste (108), seguida do Centro-Oeste (31); Norte (17); e Nordeste (14). Dentre as 581 atividades contabilizadas, a categoria mais identificada, com 115 ocorrências, foi a de escala EF1, que se caracteriza por ventos de 117 e 180 km/h. O trabalho é da acadêmica Loriane Gomes de Almeida, do curso de Licenciatura em Geografia. “Analisei notícias e trabalhos acadêmicos e contabilizei esses fenômenos. Vimos algumas imagens desses eventos e, pelas características, pudemos chegar à conclusão de que eram tornados, mesmo que as notícias descrevessem os eventos como vendavais”, explica.
O grupo está engajado em identificar e catalogar desastres climáticos no Brasil. Com o conhecimento adquirido, eles organizam palestras e atividades com a comunidade para ensinar a identificar sinais de tornados e demais ações climáticas. “Muitas pessoas não têm noção de que existe a ocorrência de tornados no Brasil, eles pensam que é uma coisa que acontece apenas nos Estados Unidos. Então, muitas vezes, pensam que é apenas uma tempestade, por isso nosso trabalho é tão importante”, ressalta Loriane.
A América do Sul é o segundo local do mundo com maior número de tornados, atrás apenas dos Estados Unidos, conforme explica a professora coordenadora do projeto, Karin Linete Hornes. “No Brasil não existe um banco de dados de tornados, então reunimos trabalhos acadêmicos da área, que fazem essa caracterização dos percursos tornádicos, e colocamos num mapa”, conta. O mapa está em constante transformação e em breve será atualizado. Juntamente com a professora Karin Hornes, a equipe conta com Jaqueline Estivallet, técnica em meteorologia, que conta com um acervo histórico de tornados no Brasil; Loriane Gomes de Almeida, acadêmica de Licenciatura em Geografia, que mapeou os tornados de 1975 a 2018; Maria Cristina Piotrovski, aluna do Bacharelado em Geografia, que está dando continuidade aos mapeamentos dos tornados, a partir de 2018; Thiago Mej, mestrando em Geografia, pesquisador de rastros de tornado no Paraná; Adriano Kapp Júnior, mestrando da Pós em Geografia e pesquisa desastres climáticos em Ponta Grossa; e Rodrigo Alves Gabre, que pesquisa a tempestade de São João Maria de 1927.
Tipos de tempestades
Os tornados acontecem com maior frequência por aqui, porque Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul são os que recebem primeiramente a ação das massas de ar frio oriundas do Sul-Sudoeste. A área também sofre influência das massas de ar quente da região amazônica. O encontro destas massas pode provocar o aparecimento de supercélulas – que são tempestades caracterizadas pela presença de uma corrente de ar girando no interior da nuvem – com grande potencial para o desenvolvimento de tornados. “O Paraná tem uma tendência em registrar tempestades e a maior ocorrência climática é o vendaval”, informa o aluno Adriano Kapp Júnior. O estudo do acadêmico identificou ocorrências climáticas em Ponta Grossa, de 2013 a 2020. “Neste ano, a gente registrou o granizo, o que não é tão comum na nossa região. Na última década, tivemos apenas cinco ocorrências de granizo, por exemplo”, complementa.
Segundo a professora Karin, desastres climáticos sempre ocorreram, desde a época dos dinossauros – e continuarão a acontecer. “O que temos agora é uma tendência de que mais pessoas sejam atingidas. Como a população aumentou, esses eventos irão encontrar com mais facilidade uma área habitada”, adverte. A principal pergunta que deve ser feita, para Karin, é como organizar a vida para sobreviver diante dessas situações. “Precisamos pensar nas pessoas que mais precisam, pois elas sempre serão as mais afetadas por esses desastres, por isso a informação de qualidade sobre os fenômenos tem que chegar para a comunidade”.
Como se proteger
A chegada de grandes tempestades requer a preparação. “A primeira coisa a se fazer é observar seu ambiente e procurar o local mais seguro, que tenha estrutura de concreto, laje e ferro. Geralmente este local é o banheiro”, destaca Karin. Outra dica é que pessoas se enrolem em cobertores e colchões, para que não se machuquem na passagem do tornado. “Procure locais que você possa ter mais segurança, evite árvores e postes. Se estiver dentro do carro, permaneça dentro dele em posição fetal e espere a ocorrência passar. Também evite estruturas amplas ou campo aberto, pois a aerodinâmica desses locais permite que o tornado se movimente mais”, completa. Também é recomendado que pessoas evitem ficar perto de portas, janelas ou estruturas de vidro. Ainda não é possível prever quando um tornado vai ocorrer. A Defesa Civil envia alertas de tempestades para todos os cadastrados: basta enviar a palavra “consultar” para o número 40199 que, em seguida, as informações são enviadas por SMS.
Foto: Divulgação
Da Assessoria
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